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De Prelazaia a Diocese de Rondonópolis

De Prelazaia a Diocese de Rondonópolis

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A história da Diocese de Rondonópolis está entrelaçada à vinda dos freis franciscanos para a região de Chapada dos Guimarães, ainda no início do século XX. Com a presença dos franciscanos em terras mato-grossenses, Frei Eucário pode fundar residência em Chapada e Frei Pedro Holz foi designado como pároco residente da Paróquia de Sant’Ana de Chapada. Com essas novas condições, foi criada a Prelazia Nullius de Chapada dos Guimarães, em 13 de julho de 1940, como “Terra de Missão”, à qual a região de Rondonópolis pertencia, confiada aos freis franciscanos da Província Franciscana de Santa Isabel da Turíngia. Estava então lançada a semente que germinaria a Diocese de Rondonópolis.

Em 1941, o frei Vunibaldo Talleur, mesmo antes de ser bispo, foi nomeado Administrador Apostólico da Prelazia de Chapada, com a clareza de que  a Prelazia não se restringia à Ordem Franciscana, apesar de estar muito ligada ao Comissariado Franciscano do Mato Grosso, mas que se apresentava como “uma Diocese em formação” (KNOB,1988,179). A recém criada Prelazia estendia seu território por cerca de 142.000 km2 e abrangia a região de Chapada dos Guimarães, do São Lourenço e do Distrito de Rondonópolis. 

De acordo com documentos da Diocese de Rondonópolis, a partir de 1942, frei Vunibaldo, como Administrador Apostólico, já investia na região Sul da Prelazia por meio principalmente,  das viagens de desobriga e de contatos para a vinda das Irmãs Catequistas Franciscanas para Fátima de São Lourenço  (1947) e para Rondonópolis (1949). No documento “Conferência Pastoral sobre a Cura d’almas no sertão”, de 1945, Dom Vunibaldo destacava: “o nosso povo vive no sertão e o sertão é salpicado de moradores  por toda a extensão, mas faltam maiores aglomerações humanas. Mato e Pantanal são bem povoados, cheios de gente, mas agrupamentos mencionáveis de habitações são poucos. As casas distam alguns quilômetros umas das outras e a pastoreação  exige o trabalho cansativo de procurar os moradores em seus sítios”(KNOB:1988,182). Por esse relato é possível imaginar as dificuldades enfrentadas por Dom Vunibaldo e pelos freis  que atuavam na Prelazia de Sant’Ana de Chapada, mais tarde, Prelazia de Rondonópolis.

 

Em dezembro de 1947, FREI VUNIBALDO TALLEUR foi nomeado bispo de Magido e Prelado de Chapada e sua sagração episcopal aconteceu em março de 1948, no Rio de Janeiro. A única propriedade que constava na Bula de criação da Prelazia era a Igreja de Sant’Ana da Chapada e uma vasta população composta por índios, garimpeiros e sertanejos, conforme relato do próprio D. Vunibaldo, que ressaltava parte das dificuldades a serem enfrentadas: “a população vive numa grande pobreza. Constroem casas pobres, de palha e barro. Como faltam compradores, só cultivam o que é necessário para sustentar a vida; por isso os habitantes vegetam na maior pobreza corporal e espiritual” (KNOB:1988,206). 

Essa realidade de pobreza e dificuldades motivou D. Vunibaldo e os demais freis da Missão Franciscana a buscarem parcerias com as Irmãs da Ação Pastoral, com as Irmãs Catequistas Franciscanas e com outras Congregações religiosas. Desse modo, as viagens de desobriga que eram feitas esporadicamente foram sendo mais regulares e melhor organizadas; foram construídas capelas ao longo das rotas pastorais e escolas em Chapada dos Guimarães e Rondonópolis e uma Escola Apostólica em Fátima de São Lourenço. 

De modo geral, os trabalhos da Prelazia passaram a se concentrar mais na região sul que apresentava maior crescimento e exigência da presença da Igreja. Deste modo, Dom Vunibaldo formalizou um pedido ao Núncio Apostólico D. Armando Lombardi para transferir a sua residência para Rondonópolis e, em 09 de março de 1959 mudou-se para este município. Ao mesmo tempo, formalizou um pedido à Santa Sé para transferência da sede da Prelazia para Rondonópolis.  Naquele momento, conforme relatos de D. Vunibaldo, Rondonópolis apresentava  promissoras condições econômicas com “muitas fazendas, colônias em franco desenvolvimento, bastante comércio, serviço regular de aviões, dois hospitais, uma escola normal, um ginásio, diversos grupos escolares, localização  num entroncamento de rodovias” e ainda se destaca como centro geográfico da Prelazia, com uma paróquia “pelo jure” entregue aos franciscanos e o Colégio das Irmãs com cerca de quinhentos alunos” (KNOB:1988,197).

Outro dado que certamente influenciou na mudança da sede da Prelazia foi o acelerado crescimento que se verificou na região a partir de então. De uma população de 2.888 habitantes em 1950, Rondonópolis passou a contar com 22.302 moradores em 1960  (TESORO:1999,177), ou seja, um aumento de mais de dezenove mil pessoas, enquanto que Chapada dos Guimarães contava com cerca de mil pessoas nessa mesma época. Por outro lado, D. Vunibaldo já havia conseguido a vinda das Irmãs Catequistas Franciscanas para Rondonópolis e a criação da Escola Reunida Cândido Mariano da Silva Rondon, em 1949,  atual Escola Sagrado Coração de Jesus. Também havia criado a Paróquia Sagrado Coração de Jesus em 1959, e nesse mesmo ano, as paróquias São Francisco (Jaciara), Nossa Senhora do Carmo (Itiquira) e Santa Ana (Chapada dos Guimarães). 

A 25 de Novembro de 1961, por decreto da Sagrada Congregação Consistorial, a sede foi transferida para a cidade de Rondonópolis, passando a denominar-se Prelazia de Rondonópolis. Nessa mesma década,  D. Vunibaldo participou diretamente do Concílio Vaticano II e trouxe várias inovações pastorais para a Prelazia. Ao mesmo tempo, conseguiu a vinda de padres alemães para a Prelazia, o que possibilitou a criação de novas paróquias, Curatos e Capelanias: em 1965  a Paróquia de São Pedro Apóstolo em Pedra Preta ( Frei Servácio Schulte) e o Curato Bom Pastor em Rondonópolis (padre Miguel Angel Rodas Ortiz); em 1967 as paróquias de São José Operário (padre Lothar Bauchrowitz) em Rondonópolis e Bom Jesus, em Juscimeira (padres João e Mário Henning) e em 1968 a Capelania Nossa Senhora de Fátima, em Fátima de São Lourenço (Frei Firmino Lohagen).

Em 1969 D. Vunibaldo Talleur solicitou um substituto, pois já se encontrava enfermo, sendo atendido somente em 07 de março de 1971, quando entregou o seu cajado de pastoreio a D. OSÓRIO WILIBALDO STOFFEL, que também era franciscano. Iniciava uma nova fase na história da Prelazia de Rondonópolis, pois com o acirramento do regime militar, o trabalho do bispo passou a ser também o de articulador de políticas que pudessem atender aos anseios da população. Deste modo, essa nova etapa foi marcada pela continuidade dos trabalhos junto às Comunidades Eclesiais de Base –CEBs e muito voltado para a formação política dos leigos e inserção da Igreja junto aos movimentos sociais, no que se referia a questões de saúde, meio ambiente, educação, defesa dos direitos humanos e  luta pela terra.      

 

De bispo Prelado, Dom Osório se tornou o primeiro bispo Diocesano, quando em 15 de fevereiro de 1986, pela Bula “Laetantes Ommnio do Papa João Paulo II, a Prelazia de Rondonópolis foi elevada à condição de Diocese. No entanto, a instalação da Diocese aconteceu no dia 13 de julho, em homenagem a data da criação da Prelazia de Chapada dos Guimarães.

Dom Osório permaneceu à frente da Diocese até 22 de março de 1998 quando passou seu pastoreio ao bispo DOM JUVENTINO KESTERING. Desse modo, a Diocese iniciou o novo milênio sob a coordenação de um novo bispo que encontrou uma Diocese organizada, mas com muitos desafios, próprios do momento histórico. 

Uma Diocese com vasto território, abrangendo desde o município de Chapada dos Guimarães até Itiquira, com uma população estimada em cerca de 300 mil fiéis e com o desafio da proliferação de inúmeras novas denominações religiosas, num momento de intenso trânsito religioso. Todos esses aspectos fizeram com que D. Juventino investisse mais na formação dos leigos, especialmente no que se refere à catequese e à formação teológica e na formação de novos sacerdotes. Para tanto, investiu na construção do Seminário Maior, na ordenação de novos padres, nas formações, especialmente na catequese.

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