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Na Última Ceia, Jesus antecipou o sacrifício da cruz, oferecendo-Se a Si mesmo como dom e alimento para a vida do mundo. Ao celebrar a Eucaristia, a Igreja, unida a Cristo e reunida na comunhão, torna presente, de modo contínuo, o mistério do seu amor redentor. Pela ação dos sacerdotes, que presidem em nome de Cristo, a Igreja faz memória viva dessa entrega, participando da sua graça e da sua presença salvífica. Por isso, a Eucaristia é o coração da vida cristã e a fonte que alimenta toda a Igreja, as nossas comunidades e cada batizado (cf. SC, 41; IGMR, 16-17; 72).

Para receber plenamente os frutos da Eucaristia, quero recordar ao Povo de Deus da Diocese de Rondonópolis-Guiratinga a importância central da celebração eucarística. O meu desejo é que todos os fiéis participem da Liturgia de modo consciente, ativo e pleno, com mente e coração, movidos pelo fervor da fé, da esperança e da caridade. Tal participação corresponde à própria essência da celebração e é, ao mesmo tempo, um direito e um dever de todo o povo de Deus, em virtude do batismo que o introduz na vida da Igreja (cf. IGMR, 18).

Diante do Mistério Pascal, brota em nós a admiração e o estupor: “Se faltasse o estupor diante do mistério pascal, que se faz presente na realidade dos sinais sacramentais, poderíamos realmente correr o risco de ser impermeáveis ao oceano de graça que inunda cada celebração” (DD, 24). Desse modo, a “contínua redescoberta da beleza da Liturgia não é busca por um esteticismo ritual, que se satisfaz somente no cuidado com a formalidade exterior de um rito ou que se apega a uma observância escrupulosa de rubricas. Obviamente, esta afirmação não pretende aprovar, de forma alguma, a atitude oposta, que confunde a simplicidade com banalidade desleixada, ou essencialidade com superficialismo ignorante, ou ainda a concretude da ação ritual com um exasperado funcionalismo prático” (DD, 22).

A Liturgia pertence à Igreja e não é propriedade de quem a celebra. Por isso, todos somos chamados a ser servos da sagrada Liturgia, observando com fidelidade o que a Igreja estabelece, sem acrescentar, omitir ou modificar, por iniciativa própria, qualquer elemento da celebração da Missa (cf. IGMR, 24).

Dessa forma, seguindo as orientações da Instrução Geral sobre o Missal Romano e do Guia Litúrgico-Pastoral da CNBB, e consciente da missão que me foi confiada como Bispo diocesano – principal dispenseiro dos mistérios de Deus na Igreja particular, e moderador, promotor e guardião de toda a vida litúrgica (cf. IGMR, 22) –, com o desejo de assegurar a unidade da ação litúrgica em nossa Diocese, dirijo ao Povo de Deus deste território as seguintes orientações.

  • Procissão de entrada

Recorde-se que, “reunido o povo, enquanto o sacerdote entra com o diácono e os ministros, inicia-se o canto de entrada” (IGMR, 47). Entretanto, nesta procissão devem participar apenas aqueles que exercem algum ministério na celebração: os ministros ordenados, os leitores, os servidores do altar e os ministros extraordinários da sagrada Comunhão. Evitem-se, portanto, procissões longas, formadas por fiéis que não desempenhem funções litúrgicas específicas.

  • Gestos e Palavras

É evidente que o ser humano deve expressar sua fé, assim como sua devoção e reverência, não apenas por meio de palavras, mas também através de gestos e da postura do corpo. Isso, porém, deve ser feito com maior cuidado, visto que, após a reforma litúrgica, os gestos prescritos são menos frequentes e mais simples. Neste sentido, o Ordinário da Missa e a IGMR indicam alguns momentos em que os gestos devem acompanhar as palavras (cf. Notitiae v. 14 (1978), n. 11, p. 535).

Quando a oração é realizada por todos, também os gestos devem ser feitos por toda a assembleia – como as inclinações, o erguer dos braços ou as reverências –, para que se torne mais visível e compreensível o sentido sagrado da celebração (cf. SC, 21) e se manifeste a unidade dos membros da comunidade cristã (cf. IGMR, 42). Os gestos litúrgicos não apenas expressam exteriormente a fé, mas também ajudam os fiéis a se colocarem interiormente diante de Deus, com reverência, atenção e espírito de adoração (cf. GLP, 51).

A harmonia nas posturas corporais durante a celebração – como permanecer de pé desde o início da Missa até o término da oração coleta – é um sinal concreto da unidade e da comunhão da assembleia reunida. Essa unidade evita atitudes isoladas ou individualistas e fortalece o sentido de pertença ao Corpo de Cristo. Tanto ministros quanto fiéis, ao realizarem os gestos previstos, participam ativamente da Liturgia e contribuem para o bem espiritual de todos (cf. IGMR, 42–43; GLP, 54).

Algumas palavras e gestos são próprios de quem preside, como as orações coleta, sobre as oferendas, depois da comunhão, a oração eucarística, o “Livrai-nos” e o rito da paz. Outros, porém, pertencem a toda a assembleia litúrgica, como o Glória, a profissão de fé e a oração do Pai-Nosso. Nesses momentos, as palavras rezadas ou cantadas devem estar em harmonia com os gestos comuns da assembleia – como as inclinações ou o elevar das mãos –, de modo que o corpo e o espírito expressem juntos a mesma fé e adoração.

  • Procissões das ofertas e durante a consagração

Recorde-se que, na preparação dos dons, devem ser levados ao altar apenas o pão e o vinho – os mesmos elementos que Cristo tomou em suas mãos na Última Ceia –,  que serão consagrados, tornando-se o seu Corpo e o seu Sangue (cf. IGMR, 72, 140; GLP, 59). Este é também o momento em que os fiéis se unem espiritualmente a essa oferta, apresentando a Deus suas vidas, seus trabalhos, alegrias e sofrimentos, para que tudo seja transformado em comunhão com o sacrifício de Cristo.

Determina-se que não sejam introduzidas novas procissões na celebração litúrgica além das indicadas pela Instrução Geral sobre o Missal Romano. Durante o canto do Santo, não se realizem deslocamentos ou procissões de acólitos pelo corredor central com o turíbulo ou outros objetos litúrgicos, salvo quando expressamente previsto pelo rito.

  • De pé, sentados ou ajoelhados

Para garantir a uniformidade nos gestos e posturas durante a celebração, os fiéis devem seguir as orientações dadas pelo sacerdote, pelo diácono ou pelo ministro leigo, conforme previsto no Missal Romano (cf. , 43). Segundo a norma litúrgica, “os fiéis permanecem de pé desde o início do cântico de entrada, ou enquanto o sacerdote se dirige ao altar, até o término da oração coleta; durante o canto do Aleluia antes do Evangelho; durante a proclamação do Evangelho; na profissão de fé e na oração universal; e, ainda, desde o convite ‘Orai, irmãos’ antes da oração sobre as oferendas até o fim da Missa; sentam-se durante as leituras antes do Evangelho, durante o salmo responsorial, a homilia e a preparação das oferendas; e, se conveniente, também durante o silêncio sagrado após a comunhão; ajoelham-se durante a consagração, a não ser que motivos de saúde, falta de espaço, grande número de participantes ou outras causas razoáveis o impeçam. Aqueles, porém, que não se ajoelham durante a consagração, façam inclinação profunda enquanto o sacerdote realiza a genuflexão após a consagração”. A prática de permanecer ajoelhado desde o final do Santo até o término da Oração Eucarística, quando não se trata de um costume legítimo da comunidade, não deve ser introduzida nem mantida (cf. IGMR, 43). Para favorecer a unidade da assembleia litúrgica, orienta-se que, ao ser proclamado o mistério da fé, toda a assembleia se coloque de pé e responda à aclamação com viva participação.

  • Oração do Pai-Nosso

O gesto de elevar as mãos durante a oração do Pai-Nosso não é exclusivo dos ministros ordenados. Na Liturgia, os gestos não estão vinculados à pessoa que os realiza (sacerdote, diácono, leitor etc.), mas ao ministério e às palavras que os acompanham. Assim, quem pronuncia as palavras também realiza o gesto correspondente, como mencionado acima.

A rubrica do Missal Romano indica: “o sacerdote abre os braços e prossegue com o povo”. O complemento “com o povo” é um adjunto adverbial; a preposição “com”, de sentido inclusivo, expressa “junto de” ou “em companhia de”. Dessa forma, a expressão modifica o verbo “prossegue”, permitindo compreender que, embora o verbo esteja no singular – por concordar com o sujeito “o sacerdote” –, a ação de elevar as mãos inclui igualmente o povo.

Portanto, ao rezar o Pai-Nosso, os fiéis também podem realizar esse gesto, pois estão incluídos na ação pela própria estrutura gramatical e pelo sentido litúrgico da rubrica. Este gesto, contudo, deve ser feito com dignidade e sobriedade, em clima de oração filial, conforme exorta São Paulo: “Quero, pois, que todos orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ira nem discussões” (1Tm 2, 8; cf. GLP, 64–65).

Para os fiéis que ainda tinham dúvidas sobre o gesto de elevar as mãos durante a oração do Pai-Nosso, a nova edição do Missal Romano traz esclarecimento explícito, inserindo uma monição que convida o povo a fazê-lo: “Guiados pelo Espírito Santo, que ora em nós e por nós, elevemos as mãos ao Pai e rezemos juntos a oração que o próprio Jesus nos ensinou” (MR, 569). Portanto, mesmo quando outras monições não o mencionem de modo expresso, toda a assembleia é convidada a elevar as mãos e rezar unida a oração do Senhor.

  • Forma de comungar

Os fiéis comunguem ajoelhados ou de pé, conforme for estabelecido pela Conferência dos Bispos (cf.IGMR, 160). Assim, oriento que, nas catequeses e formações litúrgicas, não se apresente uma única forma de receber a Comunhão como sendo a mais correta ou mais piedosa. Cada fiel tem o direito de escolher livremente a forma de receber a Eucaristia, conforme a orientação da Igreja.

Para salvaguardar essa liberdade e preservar a unidade da celebração, não se introduza no espaço celebrativo o genuflexório, que é próprio para os momentos de adoração ao Santíssimo Sacramento. Os fiéis, ao se aproximarem para comungar, caminhem em procissão até os ministros e recebam o Corpo de Cristo na mão ou na boca, de pé ou ajoelhados, segundo sua devoção pessoal. Aqueles que comungarem de pé façam, antes de receber o Sacramento, um gesto de reverência, manifestando exteriormente sua fé e adoração ao Senhor presente na Eucaristia.

As orientações litúrgico-pastorais de nossa Diocese têm como objetivo favorecer a unidade de todos os membros da comunidade cristã. O rito, por sua própria natureza, possui um caráter normativo; todavia, a norma nunca é um fim em si mesma, mas está a serviço de uma realidade superior que busca expressar e salvaguardar (cf. DD, 48). A Liturgia, portanto, não é uma ação privada nem a manifestação de uma devoção individual, mas o exercício da comunhão eclesial, no qual todo o Povo de Deus, reunido, participa da ação santificadora de Cristo na Igreja.

Estas orientações litúrgico-pastorais entram em vigor no início do novo Ano Litúrgico, Ano A, primeiro Domingo do Advento, 30 de novembro de 2025, Ano Santo Jubilar da Encarnação do Filho de Deus.

Rondonópolis, 9 de novembro de 2025.

Festa da Dedicação da Basílica do Latrão

 

Dom Maurício da Silva Jardim

Bispo Diocesano

LEGENDA DE SIGLAS

DD – Exortação Apostólica Desiderio Desideravi, do Papa Francisco

GLP – Guia Litúrgico-Pastoral, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

IGMR – Instrução Geral sobre o Missal Romano

MR - Missal Romano

SC – Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium, do Concílio Vaticano II

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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