Neste texto, pretendo destacar alguns posicionamentos do novo Papa, que têm sido largamente divulgados pela imprensa em nível mundial, mas cuja repetição e ênfase tornam-se importantes para a Igreja local, na Diocese de Rondonópolis-Guiratinga, no intuito de esclarecer à comunidade católica que os comentários ideológicos sobre o novo Papa, inclusive fazendo comparações com seu predecessor, não ajudam na construção da comunhão e da unidade.

O Papa Leão XIV, eleito pelos 133 cardeais no dia 8 de maio de 2025, destacou, na Santa Missa de início do seu pontificado como sucessor de Pedro, o desejo de “uma Igreja unida, sinal de unidade e comunhão, que se torne fermento para um mundo reconciliado”. As suas primeiras palavras, quando foi apresentado no balcão da Basílica São Pedro, foram instigadoras de paz num mundo em guerras: “A paz do Cristo ressuscitado esteja convosco”.

Cito algumas orientações do novo Papa para a evangelização no mundo atual. Diante deste cenário de várias guerras no mundo, o Papa destacou: “Estou convencido de que, se estivermos de acordo e livres de condicionamentos ideológicos e políticos, poderemos ser eficazes em dizer “não” à guerra e “sim” à paz, “não” à corrida ao armamento e “sim” ao desarmamento, “não” a uma economia que empobrece os povos e a Terra e “sim” ao desenvolvimento integral”.

Como sucessor do Apóstolo Pedro, o Papa expressou, em sua Missa inaugural do início do pontificado, que se sente “chamado para guardar o rico patrimônio da fé cristã e, ao mesmo tempo, ir ao encontro das interrogações, das inquietações e dos desafios de hoje”.

Seu lema episcopal “IN ILLO UNO UNUM” (Nele somos um), inspirado nas palavras de Santo Agostinho em um sermão, expressa seu sonho de que, “embora nós cristãos sejamos muitos, no único Cristo, somos um”. Diante de um mundo polarizado, dividido e em guerras, o Papa diz que “o tempo presente é de diálogo e de construção de pontes”.

Sobre o tema da violência e da discórdia, expressou o Papa Leão XIV que, “em nosso tempo, ainda vemos demasiada discórdia, feridas causadas pelo ódio, a violência, os preconceitos, o medo do diferente, por um paradigma econômico que explora os recursos da terra e marginaliza os mais pobres. E nós queremos ser, dentro desta massa, um pequeno fermento de unidade, comunhão e fraternidade”.

O Papa Leão XIV tem falado sobre a herança que recebeu de seu predecessor, o Papa Francisco, como a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (Alegria do Evangelho), enfatizando o “sonho com uma Igreja missionária que constrói pontes, o diálogo, sempre aberta para acolher todos aqueles que precisam”, conforme expressou na audiência com os funcionários do Vaticano. Na continuidade do seu predecessor, o novo Papa tem citado o sínodo sobre a sinodalidade, a reforma da cúria romana, o empenho pela paz mundial, o tema das migrações, o cuidado da casa comum e o enfrentamento aos abusos sexuais, de poder e econômico.

Nesse sentido, sejamos, pois, promotores da unidade de todos em Cristo e rezemos para que o Espírito de Deus continue iluminando o Papa Leão XIV, que já conquistou o mundo com o seu carisma e firmeza na fé.

Dom Maurício da Silva Jardim

Bispo da Diocese de Rondonópolis-Guiratinga