Memória de Santa Teresa do Menino Jesus, virgem e doutora da Igreja
1 de outubro de 2025
Irmãos e irmãs, missionários e missionárias, com o tema: “Missionários da esperança entre os povos” e o lema: “A esperança não decepciona” (Rm 5,5); estamos nesta celebração eucarística, abrindo o mês missionário da Igreja no Brasil.
Nós, bispos e assessores da Comissão Episcopal para Ação Missionária e Cooperação Intereclesial da CNBB, juntamente com a direção e os secretários das Pontifícias Obras Missionárias, regressamos a este Santuário Nacional da Mãe Aparecida, como romeiros e romeiras, suplicando a intercessão da Virgem Aparecida, rainha a padroeira do Brasil.
Celebramos neste primeiro dia do mês de outubro, a memória de Santa Teresinha do Menino Jesus, padroeira das missões juntamente com São Francisco Xavier. Ela nasceu em Liseux na França em 1873 e morreu aos 24 anos idade em 1897. Entrou na vida consagrada aos 15 anos de idade. Seu coração missionário era aberto as necessidades de toda Igreja, ela mesma repetia: “No coração da Igreja, serei o amor”. Como religiosa contemplativa, descobriu na consagração a via do amor e da simplicidade para viver a missão universal, sem sair do convento.
Santa Teresinha, é um dom precioso para aqueles que hoje gostariam de estar num país longínquo e pregar o Evangelho. Ela nos ensina, pela via da oração, que se pode ser missionário onde quer que se esteja, mesmo a partir da própria casa, ou da cama de um hospital ou de um lar de idosos, porque a oração nos torna missionários e missionárias! Ela foi missionária com a sua oração silenciosa dentro de um convento das irmãs carmelitas. A sua cela era o mundo!
Cada um de nós, de acordo com a sua vocação específica – na vida consagrada, no matrimónio, no mundo do trabalho como cristão leigo e leiga, na vida contemplativa ou no sacerdócio, é chamado a viver a vocação missionária, recebida no batismo. Jesus nos convida a segui-lo, porém encontramos mil desculpas, mesmo aparentemente muito razoáveis, para atrasar ou adiar o momento de O seguir.
A vida missionária parte do encontro apaixonante com Jesus Cristo. Deste encontro nasce um processo de conversão e discipulado que culmina na missão. A missão tem um duplo movimento, se subida para o encontro com Jesus e de descida em direção aos contextos que mais necessitam da luz do evangelho. Não há separação entre o amor a Deus e ao próximo. A única missão de Deus se irradia e se difunde em todas as realidades, sobretudo nos ambientes mais vulneráveis e sofridos das periferias.
A cena do Evangelho de hoje é muito apropriada para iniciarmos o mês missionário. O texto descreve três pessoas que se encontram com Jesus e querem segui-lo, e o Senhor as convida ir com Ele. O desejo de seguir Jesus implica ter descoberto um tesouro capaz de mudar o coração e a vida de uma pessoa. No convite que Jesus faz para segui-lo, “Vem e segue-me”, as pessoas respondem que têm outras prioridades: um deles diz: “Deixa-me primeiro ir enterrar meu pai” e o outro: “Eu te seguirei, Senhor, mas deixa-me primeiro despedir-me dos meus familiares”. Em outras passagens do Evangelho, o convite de Jesus encontra maior acolhimento, quando “eles imediatamente deixaram tudo e o seguiram”, aqui em Lucas 9, não acontece a mesma coisa. Eles mostram um certo interesse de seguir o mestre, mas tem outras prioridades. “Deixa primeiro” despedir-se de alguém, “Deixa primeiro” chegar minha aposentadoria, “Deixa primeiro” concluir um curso, “Deixa primeiro” contrair matrimônio, “Deixa primeiro” ser promovido, “Deixa primeiro” cuidar da família, “Deixa primeiro” completar cinquenta anos, “Deixa primeiro” fazer uma viagem e depois eu vou segui-lo.
Ser discípulo missionário exige que priorizemos o anúncio do Reino de Deus e tudo mais será dado por acréscimo. Nossa vida missionária exige tomar como prioridade a saída permanente, sem apegos, mudando a lógica do “deixa primeiro” fazer isto ou aquilo que julgamos prioridade.
A lógica do seguimento a Jesus, nos chama ser diferentes das raposas e dos pássaros que são ágeis, mas param e se instalam, possuem tocas e ninhos, porém, “O Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça”. Ele não para, fez de sua vida uma missão, indo ao encontro dos afastados, se fazendo próximo dos pecadores, dos vulneráveis, dos desprezados que vivem a margem. Missão é sempre pôr-se a caminho, exige de nós não ficar parados diante de um espelho e nem ficar olhando para trás. “Quem põe a mão no arado e olha para trás, não está apto para o Reino de Deus”.
No livro “monge e o executivo”, o autor para falar diferenciar o comprometimento do envolvimento, utiliza a metáfora do omelete com bacons. Ele diz que para termos este prato no café da manhã, o porco está comprometido e a galinha foi envolvida. Trazendo para a realidade da vida do discípulo missionário. Somos missionários comprometidos ou apensas envolvidos na causa do reino de Deus?
O Papa Francisco, em sua última mensagem para o dia mundial das missões, apresentou Jesus comprometido até o fim, como missionário da misericórdia, que realiza a missão, cheio do Espírito, como Bom Samaritano da humanidade. O papa nesta mensagem, nos indicou o caminho para sermos sinais de uma nova humanidade, indo ao encontro do contexto, na qual as pessoas se encontram, assumindo o estilo de Deus da proximidade, compaixão e ternura. Sendo missionários comprometidos e não apenas envolvidos.
A mensagem do Papa, nos recorda a necessidade de seguir as pegadas de Cristo, nossa esperança. Ele é o modelo do missionário da esperança, que nos envia a viver o Evangelho em comunidade, a sermos portadores da alegria que liberta e reconstrói, e a renovar nossa vida missionária, a partir da oração, primeira e essencial atividade missionária.
Recordo ainda, que para a animação do mês missionário, as Pontifícias Obras Missionárias, enviaram para todas as Arquidioceses, Dioceses e prelazia do Brasil, materiais para animação da Campanha Missionária: roteiro de encontros, santinho com a oração missionária, cartazes, mensagem do Papa e envelopes para a coleta missionária nos dias 18 e 19 de outubro em todas as comunidades do Brasil. Procure sua paróquia e forme um grupo de reflexão e oração pelas missões.
Por fim, pedimos a intercessão da mãe Aparecida pelo caminho que já iniciamos de preparação ao 7º Congresso Americano Missionário, que acontecerá em 2029 na Arquidiocese de Curitiba, Paraná. Para que seja um tempo fecundo de renovação e conversão para missão que não tem fronteiras.
Que Santa Teresinha e São Francisco Xavier, padroeiros da missão, intercedam por nós para sermos missionários da esperança entre os povos.
Dom Maurício da Silva Jardim
Presidente da Comissão Episcopal para Ação Missionária
e Cooperação Intereclesial da CNBB e Bispo da Diocese de Rondonópolis-Guiratinga.