Estimados irmãos e irmãs, estamos vivendo a grande semana santa e nos preparando para celebrar o tríduo pascal, que ocupa o centro da nossa fé cristã e do ano litúrgico. A páscoa deveria ser a festa mais importante de uma paróquia, portanto de todas as comunidades, pastorais e movimentos. A Páscoa na vida da Igreja, merece toda atenção, preparação e participação. Da Páscoa que decorrem todas as outras memórias, festas e solenidades, inclusive a festa do padroeiro da paróquia. Recordo que durante todo ano, a cada celebração eucarística, atualizamos o mistério pascal da paixão, morte e ressurreição de Jesus.
A missa de hoje, véspera do início do tríduo pascal, também chamada missa do Crisma, é expressão da unidade de nossa Diocese de Rondonópolis-Guiratinga, hoje aqui representada pelos cristãos leigos e leigas, consagrados e consagradas e os ministros ordenados, que reunidos com o bispo, expressam sua comunhão eclesial. Nesta eucaristia, será consagrado o óleo do Crisma e abençoado o óleo dos catecúmenos e dos enfermos. Também hoje rezaremos de modo particular pelos presbíteros que renovarão suas promessas sacerdotais.
O Evangelho de Lucas, descreve Jesus indo a cidade de Nazaré, onde se tinha criado, lá se dirige a sinagoga (lugar de oração judaica), escolhe o texto do profeta Isaías, e apresenta seu programa de vida missionária e “todos tinham os olhos fixos nele”.
As primeiras palavras de Jesus são: “O Espírito do Senhor está sobre mim”. Recordemos que o Espírito Santo é o protagonista da ação evangelizadora. É o agente número um que sempre toma a iniciativa. A própria Igreja é obra do Espírito Santo, por Ele é guiada, fortalecida e iluminada. Se a Igreja Católica perdurou ao longo da história, é graças a ação do Espírito Santo, não se restringe a obra humana, não esqueçamos este dado da fé. Nosso lugar na Igreja é de cooperadores com Deus. Devemos nos colocar à disposição do Espírito Santo, para uma participação ativa e entrar no seu ritmo e movimento, pois Ele sopra onde quer. Não devemos limitar sua potência. Sabemos que sua direção é sempre em favor da presença do Reino de Deus no meio de nós.
“O Espírito do Senhor está sobre mim”
A comunhão na Igreja é obra e dom do Espírito Santo. Não somos um partido, uma associação ou Club de amigos, que fazem acordos, alianças para ver qual proposta vencerá. Somos Igreja, quem nos guia é próprio Espírito, por isso nosso princípio é a comunhão, uma palavra chave para entender que fazemos parte do mesmo corpo, com membros diferentes, mas não deixamos de fazer parte do mesmo corpo, unido em Cristo.
Nossa comunhão não é abstrata, ela se expressa na comunhão com o legítimo sucessor de Pedro, o Papa Francisco, princípio da unidade e da comunhão universal entre as Igrejas particulares. Caminhamos em comunhão com as orientações dos pastores da nossa conferência episcopal, hoje somos 480 bispos no Brasil, dos quais 314 titulares e auxiliares e 166 eméritos, em comunhão com nosso regional Oeste 2 que é composto de 8 dioceses. Comunhão sinodal com o bispo local, com o presbitério, com os cristãos leigos e leigas, consagrados e consagradas. Não caminhamos sozinhos e isolados, somos Igreja sinodal em missão, aberta a cooperação universal com outras Igrejas espalhadas pelo mundo.
“O Espírito do Senhor está sobre mim”
Na benção dos óleos e na consagração do óleo do Crisma, vamos suplicar e pedir que seja infundida a força do Espírito Santo. Na benção da água para o batismo também rezamos: “Nós vos pedimos, ó Pai, que por vosso Filho desça sobre esta água a força do Espírito Santo”. Na prece de ordenação de um novo diácono, padre ou bispo, suplicamos a força do Espírito Santo que venha sobre o eleito.
Por tanto, desde o batismo, suplicamos a força e unção do Espírito Santo. Nossa iniciação à Vida Cristã é marcada com óleo da unção. No sacramento da ordem no grau do presbiterado são ungidas as mãos do novo sacerdote para abençoar, santificar e servir o povo de Deus, na ordenação episcopal é derramado o óleo do crisma na cabeça do bispo.
“O Espírito do Senhor está sobre mim”
Não fomos batizados ou ordenados presbíteros para nós mesmos. Fomos ungidos e enviados para os outros. Jesus lê em Isaías. “Ele me ungiu e enviou para anunciar o Evangelho aos pobres, aos presos, aos cegos, aos oprimidos, enviou-me para proclamar um ano da graça do Senhor”. Quem são hoje os outros para os quais o Espírito nos unge e envia?
O óleo consagrado e abençoado no dia de hoje não tem outra finalidade a não ser a unção dos catecúmenos, enfermos, crismandos e unção no sacramento da ordem. Servem para esta única finalidade. As sobras do ano passado, devemos queimar ou enterrar. A intensão é sempre usarmos todo óleo que hoje receberemos. Não deveria sobrar em nossos recipientes o óleo do batismo, do Crisma e dos enfermos. Alguns dados do ano passado. Em nossa Diocese foram realizados 2.150 batismos, 1839 crismas e somente Deus sabe quantas unções dos enfermos.
Para concluir, pedimos que o texto do Evangelho de hoje, ilumine a todos nós que fomos ungidos. Ungidos para ungir, curar, misericordiar, aproximar, escutar, perdoar, servir e amar. Peço a todos vocês cristãos leigos e leigas, que rezem por nós ministros ordenados e por todas as vocações para sermos fiéis ao chamado do Senhor. Convido agora os padres para renovarem suas promessas sacerdotais.
Dom Maurício da Silva Jardim
Bispo Diocesano de Rondonópolis-Guiratinga
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